Tenho de confessar que comer uma fatia de bolo rei me dá um prazer delicioso. Não é pelo facto de ser um bolo, de ser doce ou ter frutas cristalizadas.
O que, realmente, me dá prazer é comê-lo aos pequenos pedaços, arrancados com os dedos e seleccionando todos os tipos de fruta. Detesto casca de laranja e passas.
E é um prazer tão simples como este… comer pequenas beliscadelas de bolo rei, saboreando apenas só as frutas que aprecio.
E agora vem o leitmotiv deste post. O que descrevi acima foi apenas um pequeno prazer secreto que partilhei convosco.
Há uns anos atrás decidi fazer um bolo rei. Seleccionei as melhores frutas – as que mais gosto, claro – arregacei as mangas e deitei as mãos à massa literalmente.
Preparei a massa com toda a sapiência e prazer, juntando todos os ingredientes metodicamente e seguindo a receita à risca.
Dei forma à massa, depositei-a no tabuleiro que a levaria ao forno, enfeitei-a com frutas e açúcar por cima e foi para a cozedura.
Quase de minuto a minuto, passava pelo forno e espreitava pela janelinha para observar o meu primeiro bolo rei, a minha obra de arte tão orgulhosamente concebida.
O bolo nunca mais estava pronto mas crescia a olhos vistos. Eu informava, com vaidade, a minha mãe que o bolo estava a ficar grande e bonito. Mas secretamente começava a desenvolver alguma preocupação.
Os minutos passavam, o bolo crescia e ultrapassados os minutos recomendados, fui espetar o palito para averiguar o estado de cozedura.
Ia tendo um chilique. Ah pois ia… é que o bolo cresceu tanto, tanto, que galgou as paredes do forno, tornando-se este exíguo para um bolo rei bestial.
Retirei-o do forno, chamei toda a família e mostrei o resultado final. O que iria ser um bolo rei vulgar – vulgar não, porque foi feito por mim - transformou-se numa enorme roda de tractor.
Mas que estava saboroso, estava! Isso vos garanto!
Há uns anos atrás, decidimos que a nossa Ceia de Natal iria ser diferente daquela que é tradicional em nossa casa (o borrego no forno e o bacalhau).
Apetecia-nos algo diferente, douradinho e que nos satisfizesse a gula. Tínhamos a imaginação, os olhos e o estômago cheios de “fome”.
Fomos fazer as habituais compras de Natal ao supermercado, quando nos deparámos com aquela que iria ser a nossa iguaria Natalícia. O N. já vinha sonhando e salivando com ela havia alguns dias. Assim que, na prateleira do frio, pousámos o olhar sobre ele, sabíamos que era aquele que iria connosco para casa. Tinha um peito rechonchudinho, umas belas coxas e um sex-appeal irresistível. Lá gastámos uma pipa de massa no peru e trouxemo-lo para casa.
Tratámos do “corpinho” do peru. Demos–lhe uma borrifadela com águas purificadoras e deixámo-lo a repousar num banho de imersão repleto de ervas aromáticas e sabores cítricos, no melhor SPA aqui de casa (que é como quem diz num recipiente gigantesco). Esteve a fazer este tratamento de sabor beleza durante dois dias em ambiente condicionado.
Chegado o tão ansiado dia, o formoso peru foi assente numa bela cama de alhos e cebolas, untado com o melhor dos azeites virgens e benzido pelos gulosos cá de casa. O forno “solário” foi o passo seguinte. Resumindo, a receita foi feita seguindo os mais ínfimos pormenores.
O belo peru esteve várias horas a ganhar cor e nós, esfomeados fãs incondicionais, sentados na primeira fila a assistir àquele espectáculo delicioso!
A hora da Ceia de Natal tinha chegado e os comensais esperavam salivantes pela tão dourada e deliciosa iguaria. Chegado o peru à mesa, foi trinchado com mestria e precisão sendo servido, de seguida, em companhia de vegetais variados e de umas sublimes batatinhas assadas.
Iniciou-se a degustação do peru. Eu olhei para o N. e o N. olhou para mim. Depois olhámos para os restantes comensais. Havia algo errado. Olhámos um para o outro de novo e sustivemos o riso a custo.
Então o peru, com tanto tempero, salero e esmero, não tinha saído a coisinha mais sensaborona que alguma vez na vida tinha provado?! E pior… é que o bicho era tão grande, gordo e anafado que nunca mais acabava de ser comido.
Só cá entre nós que ninguém nos oiça… o peru foi congelado e “tentado” ser comido por diversas vezes. Mas o grau de saturação já era tanto, que o simples facto de mencionarmos a palavra p-e-r-u nos causava – e causa - agonia.
Tomámos uma medida drástica: num aniversário, para exterminar o raio do bicho gordo e anafado e libertar o congelador de tão enjoativa presença, recorri à preciosa ajuda do meu robot (de cozinha) com as suas perigosas e afiadas lâminas ginsu, que em segundos fizeram picadinho d’aquilo-que-vocês-sabem.
Depois de ter despejado a minha raiva e agonia sobre aquilo-que-vocês-sabem, fiz um belo tempero, espetei com aquilo-que-vocês-sabem para dentro do tacho, deixei arrefecer um pouco e moldei uns croquetes.
Morais da História:
1) Toda a gente comeu e elogiou os croquetes de aquilo-que-vocês-sabem;
2) Aquilo-que-vocês-sabem para Ceia de Natal?!? Jamais, Salomé!;
As crianças andam todas excitadíssimas devido aos preparativos para o Natal. É a realização de enfeites para decorar a escola, são os ensaios para a apresentação da festa de Natal da escola e a troca de prendas entre si.
Ia eu para mais um ensaio com a minha turma do 2º ano quando, assim que entro na sala, o M. que é um miúdo vivaço e espevitado me pergunta:
- Ó teacher, trouxeste os cornos?
Eu olho para a minha colega I. e a minha colega olha para mim e implodimos a rir (sim, não explodimos porque não nos descaimos, rimo-nos para nós próprias.
- O M. os veados não têm cornos... têm hastes... - digo eu a morder os lábios para não me desmanchar a rir.
- M. quem tem cornos são as vacas e os bois - diz a I. igualmente a escangalhar-se de riso.
Tenho andado atarefadíssima com os preparativos da festa de Natal do colégio. É que como se não bastasse andar feita barata tonta a ensaiar as cinco turmas, ainda andei a ver testes até às duas da manhã e a fazer avaliações até à uma hora atrás.
Para cúmulo, esqueceram-se de me fotocopiar os relatórios de avaliação para o segundo ano, as tais "folhinhas das cruzes".
Amanhã tenho reunião bem cedo, que é para abrir a pestana e começar bem o dia, e o que vai acontecer é que vou passar o tempo todo a dizer as minhas avaliações e a "crucificar alunos"!!!
É verdade! Por mais inacreditável que possa parecer, existe alguma coisa em que não somos os últimos, em que não estamos lá bem no fundinho da lista.
Estava eu a almoçar enquanto ouvia os acontecimentos diários nacionais e internacionais num qualquer telejornal da hora de almoço, quando oiço uma notícia, simples e inócua, mas que a mim me deixou de orelha em pé.
Realizou-se um estudo no Canadá, cuja conclusão indicou que o uso da caneta vermelha nas correcções de testes e trabalhos de alunos têm uma conotação negativa.
Ah pois é! Mas isso já alguns professores Tugas sabem há algum tempo e não foi preciso fazer nenhum estudo sobre canetas, as suas cores e conotações implícitas e efeitos nos alunos. Não precisamos de gastar os últimos cobres dos contribuintes Tugas para fazer um qualquer estudo sobre canetinhas. Afinal somos um país em crise e à beira da recessão económica. Pelo menos é o que dizem…
Mas voltando aos objectos escritores, dos quais eu até sou muuuito apreciadora… Eu ainda sou do tempo em que os nossos orientadores de estágio – sim, eram orientadores e não tutores como modernamente se designam – nos explicavam as “desvantagens” e efeitos psicológicos negativos exercidos nos alunos aquando da correcção de testes e trabalhos com a famosa… caneta vermelha!
A bem da verdade, nunca gostei muito de canetas vermelhas, sempre fui uma pessoa, digamos, alternativa. Não é que não goste de vermelho, que é a cor da paixão, do coração e do maior clube de futebol português. Não. Apenas acho que as correcções feitas a outras cores dão mais “cor” e “alegria” ahahahahaha às pobres folhinhas brancas monotonamente escritas a preto ou azul.
Quantas e quantas vezes, as canetinhas coloridas não preenchem aquelas folhinhas de teste ou trabalho com conteúdos tão parcos? E que bem que ficam os certos, os errados e os comentários a cores alegres, preenchendo o vazio das folhas!
Alunos meus não levam com a canetinha vermelhinha. Aqui a teacher, recorre ao seu estojo repleto de canetas coloridas, enfia os deditos lá dentro e saca qualquer umas das suas amigas escritoras sempre que precisa de “colorir” testes e trabalhos.
E só para matar a curiosidade, devo contar-vos que as canetas que mais utilizo são, verdes, roxas, rosas ou castanhas. Alternativo, não?
Tenho a dizer que ainda não congelei mas está quase, quase! E acrescento ainda que a loucura do Natal já começou! Confirma-se que o pessoal todo já enlouqueceu. Mas prossigamos…
Comecei o fim-de-semana enfiada na Loja do Cidadão. Achei que era uma maneira diferente de entrar num fim-de-semana prolongado. Para ser diferente. O que fui lá fazer? Pois… agora é que a coisa vai começar a piorar… Fui alterar o registo de propriedade de um automóvel… Fui alterar para o MEU nome… estão a entender?
Significa isto que um dias destes vou começar a circular estrada afora com o meu bólide. Por isso, aconselho-vos cautela. Nem, vos vou dizer a marca nem a cor do carro. Não é por nada, é só para não terem inveja… Cof! Cof! Cof!
Demorei meia hora a tratar do assunto na Loja do Cidadão. Não deve ser normal, pois não?
De tarde resolvi ir beber um balde de café ao Starbucks (os gajos pagam-me para fazer publicidade) para ver se aquecia os pés e fazer umas comprinhas. Foi pena não terem avisado na TV que as filas de trânsito começavam quase dentro da cidade. O que é mais estranho mesmo é que as filas pareciam dever-se ao facto dos parques de estacionamento estarem repletos. Enganem-se!
Ou estamos todos aparvalhadinhos e ceguetas por causa do Natal ou há pessoal que gosta de ir passear pelos parques de estacionamento dos centros comerciais ou apreciar as vistas enfiando-se em filas de trânsito. Sim, porque os parques de estacionamento até tinham lugares!
Só sei que com tanta seca de fila de trânsito, desistimos das americanices e fomos beber um cafezinho à Tuga mesmo e depois fazer as comprinhas.
Nessa noite tive a minha amiga S. e o seu gajo a jantar lá em casa. O bacalhau com Broa estava fixe, foi pena faltar um cadinho de sal e o namorado dela não gostar de bacalhau (ninguém me tinha avisado...). Chato, não foi? Assim ficámos com almoço para o dia seguinte!
Faltaram apenas os profiteroles prometidos. Mas à falta destes, adoçámos a boca com as filhós que a minha mãe fez!
No domingo fiquei em casa a apreciar o quentinho do aquecedor lar e a entreter-me com as minhas bijutarias. Fiz, ensinei, montei e fotografei. Nem imaginam as belas obras de artes que fiz. Serão divulgadas a seu tempo no cantinho do costume! (Antes de serem expostas nalgum museu, espero!)
Apreciei a chuva e as trovoadas com o meu amado e o meu fiel escudeiro Pimentinha. A parte que mais gostei foi a do granizo e das nuvens negras. Já vos disse que tenho um medo horrível de trovões, não já?
No feriado, foi dia de descanso. Papar os filmes da TV enquanto chovia lá fora e falar com o meu amado ao telemóvel enquanto ele viajava. Tenho sempre receio das viagens e muito mais nestas alturas em que há muito movimento nas estradas e o mau tempo faz das suas.
Hoje – roam-se – é o meu dia de folga e não fui trabalhar. É chato não é? Principalmente porque não me apetece fazer mais nada senão estar de volta do aquecedor. Mas tenho ali uns testes aos gritos a chamar por mim e as actividades de Natal só a mandar-me bolas de neve e a cantar Christmas Carols pra ver se vou tratar delas. Não tenho grandes alternativas de fuga… Acho que vou beber um café e depois tratar da saúde àquelas folhas todas!!! Ai vou, vou!!!